Centro Internacional de Treinamento para Manutenção da Paz Koffi Annan(KAIPTC), em Accra-Gana, acolheu no período de 21 a 24 de Outubro do corrente ano “2019”, a reunião inter-cabindesa que foi facilitada pela Organização Africana para o Desenvolvimento (OAD) uma organização africana com sede no Gana.

POR MBEMBU BUALA

Segundo a acta final do encontro “Comunicado Final de Accra”, que se resume em quatro pontos fundamentais, onde se destacam a criação do Alto Conselho de Cabinda (ACC) que será presidido pelo Padre Félix Roberto Cubola Kinyumba “eleito por unanimidade” que terá dentre outras missões a de unir todas as forças Políticas Cabindesas para negociarem numa só voz, com o governo angolano a resolução do conflito em Cabinda de forma pacífica. 

Depois de ter sido adiado por duas ocasiões, finalmente a reunião Inter-Cabindesa coordenada pelo grupo Cabinda Unida, teve lugar,apesar da não presença de todas as  forças políticos Cabindesas auguramos que desta vez a criação de uma “PLATAFORMA POLÍTICA UNIDA DE CABINDA” seja uma realidade, pois urge a necessidade dos filhos de Cabinda se unirem independentemente das suas ideologias políticas e independentistas. 

Por conseguinte, que não se esgotem esforços que tendem à unir os Cabindas, por essa razão é que se devem continuar à fortificar iniciativas do género, porque somente juntos e unidos poderemos alcançar à Autodeterminação do povo de Cabinda. E que iniciativas do género viabilizem à abertura de “DIÁLOGO POR PARTE DO GOVERNO ANGOLANO”, com os interlocutores do povo de Cabinda para o fim do conflito e estabelecimento de uma paz definitiva. 

Ao recém criado ALTO CONSELHO DE CABINDA (ACC) que cumpra com o seu papel, segundo as conclusões e recomendações do comunicado final de accra e que faça os possíveis para que a reconciliação das forças políticas Cabindesas seja inclusiva e sem excepções. 

Que seja uma um órgão democrático e acima de tudo independente!

Que divulgue publicamente o seu posicionamento com relação ao mecanismo (Estatuto Especial, Autonomia ou Independência Total) que deve ser adoptado para a resolução do problema de Cabinda! 

Na eventualidade de concretizar à “União entre as Forças Políticas de Cabinda” que não monopolize a escolha do mecanismo a ser adoptado para à resolução do conflito em Cabinda, mas que a escolha seja feita de forma democrática, independente e que prevaleça à vontade da maioria!

Que seja prudente em ouvir os apelos, críticas e recomendações  das organizações políticas, cívicas da sociedade civil, entidades religiosas e quadros independentes de Cabinda para que esta concertação entre os filhos de Cabinda, não seja mais um nado-morto ou uma efeméride para se esquecer.  

Tais como os casos das reuniões “Adhocs” de um passado recente que pretendiam não só unir os cabindas bem como encontrar um mecanismo para a resolução do problema com o governo angolano: ( Lisboa, Libreville, Helvoirt; Sáfica, Paris, Windhoek, Brazzaville e Namibe “Angola”, que selou o fatídico Memorando de Entendimento (M.E) em 2006, só para citar. 

Disto isto no ar fica uma questão que a grande maioria dos Cabindas gostaria que fosse esclarecida de ante mão, tendo em conta as experiências do passado: 

Será que neste quadro de concertação inter-cabindesa, o ALTO CONSELHO DE CABINDA (ACC), agora criado assumirá somente o papel da concertação entre os cabindas (com vista à negociações futuras com o governo angolano) ou se transformará em órgão negociador? 

 Esperemos que a história não se repita, pois António Bento Bembe, para os mais atentos sabem que após a reunião de concertação de Helvoirt de 23 a 29 de Agosto de 2004, também conhecida como conferência de Emaús na Holanda, assumiu a coordenação do FCD “sendo uma Plataforma Político-diplomática de concertação interna dos Cabindas” sem quaisquer poderes para negociar acordos de paz, com Angola ou uma outra entidade em representação do povo de Cabinda. É importante, ainda realçar que o FCD era composto pelas seguintes entidades “ FLEC FAC, FLEC Renovada “FLEC”, a Sociedade Civil “representada pelas igrejas de Cabinda e a Ex-MPLABANDA”. Tendo neste caso, a FLEC Renovada, de Bento Bembe participado unilateralmente na assinatura do ME no Namibe, em Angola, em 2006 como acima referenciamos.

Porém, como escreveu um compatriota de Cabinda, a unidade é uma virtude muito preciosa que caracteriza a maturidade política de um povo, neste sentido todas iniciativas contundentes à esse desiderato devem estar blindados de seriedade e transparência. 

Pois trata-se de um valor intrínseco que faz a unidade e a força de um povo no sentimento, na vontade, na visão e na acção. Para nós os Cabindas à autodeterminação é a melhor via para que o nosso povo possa viver em paz, com dignidade e segurança. 

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