CABINDA : Objeto de questões geopolíticas e geoestratégicas

Localizada na vasta floresta equatorial de Mayombe, Cabinda la Verte se abre para o Atlântico, onde o reflexo das labaredas, no mar, revela uma riqueza cobiçada: o petróleo. O enclave está entre a República do Congo e a República Democrática do Congo (anteriormente Zaire), cerca de sessenta quilômetros acima da foz do rio Congo, que marca o início da fronteira noroeste com o ‘Angola. Com 7.270 quilômetros quadrados e correspondente a cerca de quinze vezes a superfície da ilha da Madeira, vinte vezes maior que as Seychelles, cinco vezes mais extensa que a ilha Maurícia. Tem uma população estimada em 688.285 habitantes residentes no Território, segundo o censo de 2014, sem contar as dezenas de milhares de exilados que vivem nos Centros de Refugiados e na diáspora. O território de Cabinda possui quatro municípios: Belize, Buco-Zau, Landana e Tchiowa, capital da província. Cabinda é considerado por alguns como um “Kuwait africano” devido à combinação de sua estreiteza geográfica e demográfica com enormes campos de petróleo offshore e promissoras reservas on-shore.

Cabinda se afirma como uma entidade distinta de Angola, tanto do ponto de vista sócio-histórico e geográfico quanto do ponto de vista da identidade cultural. A identidade angolana que lhe é imposta, com sangue e lágrimas desde 1975, é vista como uma aniquilação antropológica da sua alma.

Com tudo o que possui como recursos, Cabinda tem condições de estar entre os melhores lugares do mundo para se viver. E isto não é nenhuma suposição, mas uma evidência. Bastará colocar as pessoas certas à frente dos seus destinos.

Trata-se de um território muito rico em recursos naturais. Para além do petróleo, o subsolo de Cabinda possui urânio, ouro, diamantes, fosfatos, manganês e ferro, entre outros minérios, para não falarmos do seu potencial em agricultura. O Território de Cabinda oferece todas as condições para várias espécies de fauna. Ao longo da sua costa e em alguns rios e lagoas, há uma invulgar riqueza piscícola.

O Maiombe é um “mar vegetal” sem fim de verdura, um entonteamento de beleza singular em África, de obsessão verdejante, aliada a centenas de espécies diferentes de lepidópteros que espantam qualquer pessoa. A sua riqueza é, de longe, superior, na sua globalidade, a de muitos países do mundo.

Paradoxalmente a população de Cabinda vive uma extrema, escandalosa e intolerável pobreza. O custo de vida é tão alto que nem com Luanda se compara.